layers Origem da Madeira
"O Navegador", o Arquipélago da Madeira, que já era citado em 1350
no Libro del Conoscimento e representado em mapas italianos e catalães
do século XIV, foi redescoberto por João Gonçalves Zarco e Tristão
Vaz Teixeira, com o fim de suprir as crônicas deficiências do Reino
em cereais e também para que servisse de apoio à expansão marítima de
Portugal.
Assim, desde o século XV, a Madeira desempenhou um importante
papel nas grandes descobertas portuguesas, tornando-se também famosas
as ricas rotas comerciais que ligavam o porto do Funchal a todo o Mundo
Atlântico.
Foi também na Madeira e no Porto Santo que o mercador Cristóvão
Colombo aprofundou os conhecimentos da arte de navegar e planeou a sua
célebre viagem para a América. Após o Arquipélago ser dividido pelas
capitanias do Funchal, de Machico e do Porto Santo, iniciou-se em 1425
o povoamento organizado e durante algumas dezenas de anos a produção
cerealífera foi um fator de riqueza e crescimento, chegando os
madeirenses a explorar 150 grandes fazendas, que produziam mais de
3.000 moios de trigo, na sua maior parte exportado para o continente
e para as feitorias portuguesas do litoral Sacariano e Guineense.
Todavia, a partir dos últimos decênios do século XV, a Coroa
e os dirigentes insulares passaram a dedicar-se, predominantemente,
ao cultivo da cana-de-açúcar e à exportação do "ouro branco" para toda
a Europa; sendo utilizados escravos nos trabalhos dos canaviais e
engenhos, trazidos das feitorias portuguesas de África. O primeiro
engenho mecânico movido a água foi inventado pelo madeirense Diogo de Teives,
o que determinou um forte aumento da produção, que em 1506 chegou a
atingir as 230.000 arrobas anuais.
Este ciclo do esplendor açucareiro foi a época de maior
desenvolvimento econômico e cultural da Madeira, que se tornou
conhecida em todo o Mundo civilizado.
Ainda hoje os nossos museus guardam abundantes e preciosas
obras artísticas desse período e os madeirenses orgulham-se do Museu
de Arte Sacra do Funchal possuir uma das mais representativas coleções
mundiais de pinturas flamengas, provenientes de Bruges, Antuérpia e Malines.
Também ainda restam notáveis testemunhos arquitetônicos, tais
como a Sé do Funchal a Igreja e o convento de Santa Clara, as Igrejas
da Calheta, de Santa Cruz e de Machico, as capelas dos Reis Magos, da
Encarnação e do Corpo Santo, bem como alguns vestígios da Alfândega
Velha e janelas manuelinas guardados no Museu da Quinta dos Cruzes.
Porém, a partir dos últimos decênios do século XVI, a exportação
do açúcar sofreu forte recessão, determinada pela quebra da produtividade
dos solos, pelas doenças que contaminaram os canaviais e sobretudo pela
baixa dos preços resultantes da concorrência do açúcar produzido no
Brasil, onde os madeirenses tinham introduzido as técnicas e até
mão-de-obra especializada.
Assim, durante grande parte do século XVII, o Arquipélago da Madeira
sofreu uma crise econômica e social, muito embora o porto do Funchal
mantivesse o tráfego comercial para África, América e índia e também
tivesse importância a exportação de doçarias e da famosa casquinha
feita a partir do limão, da cidra e doutros frutos cristalizados numa
calda de açúcar.
Em 1580 Portugal e a Madeira ficaram sobre o domínio de Castela.
Todavia em 1640 foi restaurada a independência, seguida do casamento da nossa
Infante D. Catarina de Bragança com Carlos II da Inglaterra.
Foram então outorgados diversos contratos com os britânicos que
favoreceram a exportação dos Vinhos Madeira para Inglaterra, índias Ocidentais e
colônias inglesas da América; e a partir dos últimos decênios do Século
XVII, a Madeira conheceu outro período de crescimento econômico e cultural,
sendo que o seu excelente vinho voltou a tornar a Ilha famosa em todo o
Mundo. Rapidamente a produção alcançou as 45.000 pipas, das quais eram
exportadas uma média de 30.000 pipas anuais. Esta prosperidade do chamado
ciclo da vinha, refletiu-se também nas Artes e na Arquitetura.
Construíram-se as típicas residências dos séculos XVII e XVIII,
com os seus "óculos de cantaria", varandas de ferro forjado, torre,
mirantes, balcões e o lagar cocho no rés-de-chão; das quais ainda hoje
abundam belos exemplares nas ruas dos Ferreiros, Bispo, Santa Maria e ainda nalgumas
quintas dos subúrbios do Funchal. Ao mesmo tempo nas Igrejas, Capelas
e Solares, assistiu-se à afirmação do gosto barroco e da talha dourada,
sobre o gosto flamengo e o mudejarismo, de que escolhemos como exemplo a
Igreja de S. Pedro e a fascinante Igreja do Colégio edificadas no Funchal.
Todavia, a partir dos primeiros decénios do Séc. XIX, o Arquipélago da Madeira
voltou a conhecer outra recessão econômica, em virtude do fim das guerras
napoleônicas e a consequente restauração da paz na Europa, tendo-se modificado
os hábitos de muitos consumidores ingleses, que passaram a preferir o xerez
e os vinhos do Porto; tudo agravado pelas epidemias do oídio e da filaxera
que destruíram grande parte das plantações de vinha madeirense.
Com a vitória dos ideais liberais contra o absolutismo, as
novas autoridades madeirenses realizaram reformas econômicas para
lutar contra a crise e encetaram a construção das maravilhosas
levadas do Rabaçal, do Juncal, do Furado e da Feijã dos Vinháticos.
Com esse aumento do regadio, cresceu a produção de cereais e
de outros produtos alimentares e os madeirenses voltaram a desenvolver
plantações de canaviais e a incrementar. Ao mesmo tempo foi-se
desenvolvendo a produção e exportação dos célebres bordados madeirenses e
dos típicos móveis e cestos de vimes. Finalmente a indústria do Turismo
também cresceu bastante, inicialmente através do Turismo Terapêutico. De
fato, a partir de meados do Séc. XIX, uma série de médicos ingleses e
alemães, recomendaram a amenidade do clima madeirense, como um possível
remédio para as doenças pulmonares e muitas pessoas procuravam o
Arquipélago da Madeira.
Depois e já no nosso Século, com a construção do aeroporto,
com o aumento do porto de abrigo e com a construção de estradas ligando
todas as regiões da Madeira, desenvolveu-se o Turismo Industrial e hoje
a Madeira é conhecida em todo o mundo pela diversidade das suas espantosas
belezas naturais, pelo magnífico clima e sobretudo pela excelente
qualidade dos serviços turísticos e da simpatia da sua população.